quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Aposte no Judô para Idosos!




A prática de atividades físicas é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como fator fundamental para a manutenção da saúde e melhoria da qualidade de vida em todas as idades.

Dados do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), órgão do Ministério da Saúde, estimam que de cada três indivíduos com mais de 65 anos, um é vítima de queda. Entre os fatores intrínsecos relacionados às quedas de idosos, conforme o Into, estão: perda da força muscular, osteoporose, anormalidades para caminhar, arritmia cardíaca, alteração da pressão arterial, depressão, senilidade, artrose e alterações neurológicas. Já entre os fatores extrínsecos surgem a deficiência de iluminação de ambientes, cômodos mal projetados, disposição inadequada de móveis e uso inapropriado de tapetes.

O judô é uma atividade benéfica para quem já chegou à terceira idade. É um esporte que possui aspectos que estimulam a consciência corporal, além de proporcionar um aumento do tônus muscular. Porém, a prática dessa modalidade requer cuidados. O praticante deve fazer uma espécie de judô adaptado, ou seja, de acordo com as condições físicas apresentadas.

Na adaptação do judô para quem tem 60 anos ou mais, é preciso dar mais ênfase aos exercícios que trabalham equilíbrio, alongamento e resistência, podendo enfim, se aproveitar da criatividade, fazendo coisas como a utilização de colchão, além do tatame convencional.

A combinação entre ganho de saúde e integração social proporcionada pela prática das artes marciais é importantíssima para a ampliação da qualidade de vida dos idosos. Com cuidados adequados, aposte no Judô para idosos!

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Esquemas Corporais e prática do Judô

Usar o peso do seu concorrente ao seu favor | Endeavor Brasil 
 
Esquema corporal é a representação que cada um faz do seu próprio corpo e que lhe serve de ponto de referência no espaço. Ou seja, esquema corporal nada mais é que o conhecimento corporal, a consciência do indivíduo em relação a seu próprio corpo, seja considerando altura, largura, envergadura e ocupação no espaço de seu corpo em partes, ou como um todo.

    A noção do esquema corporal serve para que o indivíduo organize todas as sensações relativas a seu corpo em relação ao mundo exterior, principalmente no que diz respeito ao tato, visão e propriocepção, tanto no estado de repouso quanto em movimento. O autor afirma ainda que é através dessa consciência corporal que o ser humano se torna capaz de elaborar voluntariamente os gestos antes de executá-los, controlando e corrigindo os movimentos.

    Ao contrário do que se imagina, o esquema corporal não se restringe à imagem do corpo. Ele é formado por um grupo de elementos, que consiste no conhecimento dos limites do nosso corpo o espaço (morfologia), das nossas capacidades motoras (agilidade, rapidez, etc.), das nossas possibilidades de expressão através do corpo (atitudes, gestos, mímicas, etc.), assim como na percepção das diferentes partes do corpo, no conhecimento dos diferentes elementos corporais e nas possibilidades de representação que temos do nosso corpo (tanto mental quanto gráfica).

    Os esquemas corporais envolvem elementos associados ao controle tônico e postural, lateralidade e estruturação espaço-temporal. Esses elementos serão discutidos a seguir, assim como, as implicações positivas da prática do Judô na formações dos esquemas corporais.

O controle tônico e postural

O tônus muscular consiste em um estado constante de ligeira contração, no qual se encontram os músculos estriados, servindo de base para a movimentação e a manutenção da postura.

    Para que possamos realizar um movimento corporal, seja qual for, é necessário a participação da musculatura corporal. O controle dessa musculatura á indispensável para a execução de qualquer ato motor voluntário. Para que se possa adaptar os movimentos voluntários para um determinado objetivo, é preciso que haja uma aprendizagem, sem a qual não poderíamos atuar sobre o mundo exterior.

    Para desenvolver o controle da tonicidade, é importante que as crianças passem por atividade que tendam a lhes proporcionar o máximo de sensações possíveis do seu corpo, em diversas posições, em atitudes estáticas ou dinâmicas, e com diversos graus de dificuldade, utilizando vários níveis de tensão muscular.

    O Judô é uma excelente atividade para proporcionar controle tônico. Nele são utilizados exercícios em diferentes posições como em pé, sentado, de cócoras, deitado, além das diversas movimentações do corpo no espaço, trabalhadas nos ukemis, por exemplo. Além disso, o controle tônico consiste também na capacidade de relaxamento corporal, que é extremamente importante quando o judoca está sendo projetado, por exemplo, e precisa estar relaxado para fins de evitar acidentes.

    O controle da postura, e o equilíbrio como forma habitual de manter esse controle são uns dos elementos que configuram o esquema corporal. A postura é uma posição de um corpo, ou de uma parte dele, que serve para a ação de um fato que pode desencadear uma seqüência de movimentos, cujo final é um estado.

    A postura é mantida pelo tônus muscular e se relaciona com o corpo; o equilíbrio é o ajuste postura e tônico, que se relaciona principalmente com o espaço. Ambos estão visivelmente presentes na prática do Judô, como quando um judoca projeta seu adversário, por exemplo, e precisa manter sua postura, conseguindo equilibrar-se de maneira segura para evitar sua queda junto ao seu adversário. O mesmo acontece quando ele tenta impedir que seu adversário consiga quebrar sua posição de equilíbrio, impedindo que este lhe aplique uma projeção.

A lateralidade

    Nos primeiros meses de vida, a criança é ambidestra, ou seja, tem habilidade com as duas mãos. A definição final da só irá ocorrer entre os 6 e os 8 anos. Muito antes disso, porém, a criança já começa a mostrar certa preferência pelo uso de uma das mãos.

    Quem comanda a lateralidade é o cérebro. Cada um de seus dois lados controla os movimentos da parte oposta do corpo. Assim, a mão e o pé esquerdos são acionados pelo hemisfério cerebral direito, e vice-versa. Nos destros, o hemisfério dominante é o esquerdo, enquanto nos canhotos é o direito. Apesar disso, ela também pode ser influenciada pelos hábitos sociais, dessa forma constitui um elemento importante da adaptação psicomotora.

    Outro ponto importante a respeito da lateralidade é que, apesar de inata, a preferência por uma das mãos, por um dos pés ou por um dos olhos (sim, embora muita gente não saiba, também temos um olho dominante) vai se instalando progressivamente. A dominância de uma das mãos inicia-se a partir dos dois anos de idade, durante um período denominado por ele como "discriminação perceptiva", que se elabora na criança a predominância lateral, contudo porem, a lateralidade só pode ser definida na criança, após os cinco anos de idade.

A dominância lateral só se desenvolverá "a partir do momento em que os movimentos se combinam e se organizam numa intenção motora" (p. 64), impondo-se dessa forma, a lateralidade por intermédio das experiências e da complexidade dos movimentos vividos pela criança.

    Com efeito, a lateralização participa em todos os níveis de desenvolvimento da criança, só se instalando definitivamente após a criança ter passado etapas de processo de desenvolvimento: a montagem do esquema corporal, que organiza as percepções totais, visuais e os movimentos coordenados; e a estrutura espacial que ajuda a criança a discriminar a sua direita e esquerda, frente-trás, por meio das percepções de espaço adquiridas no seu movimentar-se cotidiano.

    Não deve-se confundir lateralidade e conhecimento "direito-esquerdo", uma vez que a primeira é a dominância de um lado em relação ao outro, enquanto o conhecimento direito-esquerdo é domínio dos termos "direito" e "esquerdo". O conhecimento "esquerda-direita" decorre da noção de dominância lateral. É a generalização da percepção do eixo corporal, a tudo que cerca a criança, esse conhecimento será mais facilmente apreendido quanto mais acentuada e homogênea for à lateralidade da criança. Com efeito, se a criança percebe que trabalha naturalmente "com que mão", guardará sem dificuldade que "aquela mão" é esquerda ou direita.

    Um ponto interessante quando se trata de lateralidade e aprendizagem motora é a transferência bilateral de aprendizagem, um fenômeno que "demonstra nossa capacidade de aprender uma determinada habilidade com mais facilidade usando uma das mãos ou um dos pés, depois de já termos aprendido habilidade coma mão ou o pé oposto".

    A transferência bilateral de aprendizagem pode ocorrer no sentido do membro preferido para o não preferido ou vice-versa. Existe uma questão intrigante que envolve tais direções. Alguns autores defendem que a transferência acontece em maior quantidade quando o membro de precedência é o membro preferido, levando em consideração a motivação. Ele afirma que a prática inicial do membro preferido tem uma grande probabilidade de levar a tipos de sucesso que encorajarão a pessoa a continuar a perseguir a meta da competência no desempenho da habilidade. Por outro lado, o autor destaca que existem autores que defendem que a transferência é maior quando se tem o membro não preferido como precedente; esta hipótese é justificada através da afirmação de que se foi possível a aprendizagem com o membro não preferido, será mais fácil de se aprender com o preferido. Porém, não há provas concretas de que uma das duas teorias é melhor que a outra

    Na prática esportiva, o desenvolvimento bilateral é um aspecto importante do processo de aprendizagem, e promover esse desenvolvimento é responsabilidade do profissional de Educação Física, como também possibilitar a transferência bilateral no processo de aprendizagem motora.

A transferência é uma noção particularmente importante para professores preocupados com o planejamento da prática e com a eficácia da aprendizagem. Ensinar para a transferência, ou organizar a prática e a instrução para facilitar a transferência de aprendizagem é um importante objetivo para a maioria dos programas instrucionais.

    Dentro do Judô, a dominância lateral definirá o lado mais eficiente do judoca para a aplicação das técnicas, e a prática dos ukemis poderá ajudar a desencadear melhor o processo de conhecimento direito-esquerdo.

    É fácil perceber que um judoca que passou por um bom processo de desenvolvimento bilateral, e por um trabalho qualificado de transferência bilateral de aprendizagem, terá maior destaque entre os demais, uma vez que terá condições de aplicar as técnicas das formas mais variadas e imprevisíveis o possível.

A estrutura espaço-temporal

    A estruturação espaço-temporal resulta da integração de uma estrutura temporal e de outra espacial e que estão relacionadas às percepções auditivas, visuais e proprioceptivas. Ela surge durante os movimentos e quando da relação com os objetos e pessoas distribuídos pelo espaço, onde ocorrem as experiências com a lateralidade, com a equilibração e da percepção que o indivíduo tem de seu corpo.

    Estruturação espacial é a maneira como a criança se localiza no espaço e como situa os outros e as coisas, umas em relação às outras. Uma das etapas da estruturação espacial é a orientação espacial, é saber orientar-se, ir para frente, trás, direita e esquerda, para baixo, para cima etc., e por isso a dominância lateral é de grande importância.

    A orientação ou estruturação temporal é a capacidade de situar-se em função da sucessão dos acontecimentos (antes, após, durante), da duração dos intervalos (noção de tempo longo e curto, noção de cadência rápida e lenta). É exercitada no protótipo quando a criança precisa prever os passos para executar uma atividade, ou quando deve associar materiais a determinadas situações , ou ainda quando precisa trabalhar com intervalos, fazer contas matemáticas

    A estrutura espaço-temporal é extremamente visível na prática do Judô, como, por exemplo, no treinamento dos ukemis, onde o judoca deve coordenar o momento exato as sua queda com a batida das mãos no tatame, um ato importante para a manutenção da segurança, impedindo que o aluno se lesione..

    Como o Judô é um esporte que exige um rapidez de reação, desenvolve-se, então uma coordenação motora automática e ritmada. O randori, uma das formas de treinamento do Judô, condiciona esse automatismo. Dessa forma, os judocas são capazes de reagir imediatamente a qualquer ataque, evitando que este seja completado, e mantendo seu estado de segurança.

Considerações finais

    Na prática de modalidades como o Judô o esquema corporal é extremamente importante. É através dele que o aluno será capaz de realizar uma prática segura, uma vez que terá conhecimento de seus limites e capacidades, evitando que machuque a si mesmo e a seus companheiros. A partir do conhecimento das partes do corpo, o judoca poderá realizar as técnicas utilizando estratégias que o ajudarão a ter bom desempenho na aplicação dos golpes.

    Com a prática dos fundamentos do Judô, que consiste nos ukemis (quedas), nages (projeções), shisei (posturas), shintai (movimentação sobre o dojô), kumi-kata (pegadas), o judoca irá aprimorar o controle tônico e postural, a lateralidade e a estrutura espaço-temporal, que são elementos dos esquemas corporais. O desenvolvimento desses elementos auxiliará no domínio do corpo e controle das ações, com implicações positivas também no desenvolvimento cognitivo, perceptivo e motor dos seus praticantes.

 Publicado em 11/11/13 e revisado em 26/10/20

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Como é a aula de Judô para Crianças?



Como atividade física, o judô promove melhorias consideráveis na execução de movimentos que requerem maior coordenação motora. Desenvolve-se equilíbrio, condicionamento físico, noção espacial e corporal. Como atividade disciplinar, desenvolve a sociabilidade com outras crianças, o trabalho em equipe, o respeito ao professor e aos amigos e muito mais.

Todos estes estímulos contribuem muito para que a criança cresça saudável, mais concentrada e mais disciplinada tanto dentro quanto fora do dojô.

No treino, o sensei ensina as técnicas de pé ou solo e orienta os alunos a treinarem através de uchikomis (entradas de golpe), Nague Ais (projeções), Reraku-henka-wazas (golpes combinados), kaeshi wazas (contra golpes), dentre outras

Estas seções técnicas também podem ser feitas de forma divertida.. Como exemplo, Nague Ai em filas, com saltos, cronometrados, etc.

Obviamente as técnicas escolhidas devem ser condizentes com a capacidade motora e idade dos alunos. Não se deve esquecer também, que apesar de golpes de pegada de perna não serem permitidos em competições, eles podem ser ensinados sem problemas nas aulas. É também dever do professor reforçar quanto ao uso proibido destas técnicas em competições.

Geralmente após os uchikomis e treinos técnicos, pode-se aproveitar que as técnicas aprendidas estão frescas na mente e puxar lutas em forma de randoris, shiais ou yaku-soku-geikos.

O judô é uma ótima alternativa para crianças, inclusive para socialização. Tendo que trabalhar em grupo, a criança aprende desde cedo a necessidade do respeito, da empatia e da cooperação. Assim, há um melhor desenvolvimento físico, psíquico e social, além da conservação da boa saúde e melhorias em termos de disciplina.

O Judô, além de tudo, auxilia na formação de seres humanos melhores, capazes de tomarem decisões, serem companheiros e, ao agirem, não terem a intenção de machucar, e sim de se defender de forma consciente e humana.

segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Kettlebell e o Judô




O Kettlebell é um excelente equipamento para se treinar potência, força, resistência e flexibilidade.

Diversos estímulos (tipos de treino), quando somados, geram as adaptações específicas necessárias. A vantagem do uso do kettlebell na preparação física, é que ele consegue estimular todas essas capacidades físicas ao mesmo tempo.

Em todas as modalidades de luta, o conceito de tensão e relaxamento, tão necessárias nas artes marciais, é parte principal da maioria dos movimentos com o kettlebell. A especificidade de cada uma das modalidades exige que haja uma combinação que priorizem uma ou outra dessas capacidades.

Ensinar o corpo a capacidade de gerar força rápida a partir dos quadris é de fundamental importância, seja para uma passagem de guarda ou uma projeção do seu adversário ao solo. Essa capacidade permite que o golpe seja mais rápido e potente, melhorando assim sua eficiência e poder. Aprender a absorver o movimento de ataque do adversário fazem com que esse treinamento seja indispensável para os lutadores de todas as artes marciais.

Outro benefício do treinamento com Kettlebell é poder trabalhar todas as musculaturas de forma integrada, propiciando uma melhora na consciência corporal, permitindo que o atleta se movimente com mais eficiência e agilidade. O Kettlebell também é procurado pela sua capacidade de estabilização das articulações. Esse fator é muito importante para a prevenção de lesões. O excesso de lesões em consequência da falta de flexibilidade e postura inadequada pode ser facilmente corrigido com o treinamento com kettlebells.

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segunda-feira, 9 de março de 2020

3 benefícios do Judo para o Adulto




O Judô é muito utilizado no desenvolvimento infantil porque pode ser trabalhado em vários aspectos. E se eu quiser trabalhar esses aspectos no adulto, eu posso? Pode sim.

O COI (Comité Olímpico Internacional) considerou o esporte mais completo e promove os valores da amizade, participação, respeito e esforço para melhorar. E não há classificação entre crianças e idosos. 

Portanto, segue abaixo tres aspectos que eu acho que pode ser trabalhado com os adultos, utilizando o Judô.

Condicionamento Físico: Obtido pela prática do esporte que exige esforço físico de forma ordenada e metódica para proporcionar um corpo forte e saudável, prevenindo de doenças e condicionando-o a reagir reflexivamente para evitar acidentes;

Espírito de Luta: O indivíduo se torna mentalmente, condicionado a proteger seu próprio corpo em circunstâncias difíceis, defendendo-se quando ameaçado. Adquire autoconfiança e autocontrole; portanto o Judô é uma arte para sua autodefesa;

Atitude Moral Autêntica: Induz a Humildade, através do rigor do treinamento, que proporciona a perseverança, tolerância, cooperação, generosidade, respeito, coragem, compostura e cortesia.

Se formos estudar um pouco sobre a história do Judô,  no qual seu significado é "Caminho Suave", mostra que sua prática pode ser feita por qualquer faixa etária. Um esporte com cultura japonesa, criado por Jigoro Kano e que ganhou força e é praticado até os dias de hoje, por sua beleza e não com incitação à violência, com um conceito muito importante que é o bem estar mútuo.

Use e abuse do Judô, em qualquer faixa etária!

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Características do Judô





A gente já sabe que a ação educativa através do esporte pode servir para as crianças como um ambiente promotor de saúde e das mais diversas habilidades, sendo que o esporte, principalmente a educação pelo esporte, pode agir transformando potenciais em competências. No caso do Judô, não é diferente.

A modalidade fundada em 1882 no Japão por Jigoro Kano usa a força e o equilíbrio do oponente contra ele. A luta foi inspirada em técnicas do Jiu-Jitsu que foram modificadas e aprimoradas, mas os golpes mais perigosos ficaram de fora. Além disso, Kano se preocupou com a evolução técnica do praticante em conjunto com o avanço espiritual.

Para se ter uma ideia da importância do judô, essa luta marcial, que é também um esporte olímpico, foi classificada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), como a melhor atividade esportiva para formação inicial de crianças e jovens entre quatro e 21 anos.

A atividade desenvolve a coordenação, melhora a atividade motora, o comportamento, e ensina sobre respeito ao próximo. Além disso, auxilia no condicionamento físico e ajuda na perda de peso.  O judô não é só para quem quer praticar uma atividade física. Claro que há o momento de treino, mas você pode se divertir durante a prática.  Esse momento ajuda a fortalecer relações com outras pessoas e melhorar a saúde mental.

Quando Jigoro Kano pensou na elaboração de um método consistente para a prática do Ju-Jutsu, tinha em mente que o Ju-Jutsu melhorado poderia oferecer aos praticantes a oportunidade de desenvolverem-se tanto física quanto espiritualmente (Calleja, 1982). Ao seu método ele denominou judô. Escolheu este termo para melhor diferenciar do termo Ju-jutsu, pois pretendia elevar o termo "jutsu" (arte ou prática) para "dô" (caminho, doutrina), procurando mostrar que não era apenas uma mudança de nomes, mas que seu novo método possuía uma fundamentação filosófica (Kano, 1986). Sua proposta diferenciava-se fundamentalmente por possuir objetivos claros de promover o crescimento dos seus praticantes e o da sociedade em geral, através dos princípios do Jita Kyoei e Sey Ryoku Zenyou, que podem ser traduzidos por "Bem estar e benefícios para todos" e "Melhor desempenho com menor gasto de energia" (Kano, 1986).

O objetivo principal em uma luta é a vitória por "ippon" ou o ponto completo. Existem diferentes formas de se atingir um ippon: projeção do adversário, imobilização do adversário por um período de tempo, desistência por parte do adversário em função de uma torção ou estrangulamento, reincidência em punições durante o combate ou ainda lesão de um dos competidores. Porém, mesmo sem atingir o ponto completo, um lutador pode vencer o combate através da soma de pontos obtidos durante o mesmo após os cinco minutos de luta. Estes pontos são o wazari e o yuko e são pontuações resultantes de técnicas de projeção que não foram perfeitas, de projeções seguidas de imobilizações ou punições dadas a um atleta que são convertidas em pontos para o adversário, de acordo com regras definidas pela Federação Internacional de Judô  (http://www.intjudo.eu/).

Em competições os combates ocorrem entre atletas do mesmo sexo. Dentro dos naipes masculino e feminino, o judô ainda possui divisão por faixa etária e dentro destas ainda há divisão de peso, que são específicas em cada faixa de idade  (http://www.intjudo.eu/).

O judogui é a indumentária utilizada pelo praticante de judô para treino e competição. Segundo Virgílio (1986), sua criação veio da necessidade da utilização de uma roupa simples e que resistisse à pegada e aos arremessos. É composto pelo casaco (wagui), pela calça (shitabaki), pela faixa (obi) e pelo chinelo (zori). Há apenas alguns anos foi adotada, em nível internacional, a utilização do judogui azul (http://www.intjudo.eu/).

Para que houvesse melhor difusão e adaptação do judô na cultura ocidental, foi criado, por Mirinozuke Kawaishi, um sistema de graduações. Segundo Guedes (2001), as graduações indicam o nível técnico dos praticantes. Para os adolescentes, a troca de faixa representa um meio de motivação, já que servem como uma forma de reconhecimento do valor físico e moral (Guedes, 2001).

Bibliografia:

Guedes, O. C. (2001). Judô: evolução técnica e competição. João Pessoa: Idéia.         [ Links ]

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Lesões comuns no Judô




O judô, que pode ser traduzido como "Caminho Suave", é uma prática esportiva de origem japonesa, sistematizada por Jigoro Kano, em 1882, a partir de antigas técnicas de lutas que ele havia estudado e praticado. É um esporte mundialmente difundido e praticado por mais de três milhões de judocas só no Brasil com grande adesão de púberes e pré-púberes devido ao seu caráter de esporte-formação, já que possui um sistema moral que pode ser aplicado a todas as situações da vida  além de ser um rico instrumento pedagógico.

O judô apresenta um considerável risco para ocorrência de lesões. Contusões, entorses, luxações, fraturas, tendinites, distensões, rupturas de ligamentos entre outras são parte inerente do envolvimento com atividades físico-esportivas; contudo, apesar desta afirmação, a existência de detalhamentos sobre a situação sob as quais ocorrem as lesões e as variáveis que as influenciam ainda incita questionamentos

Os programas de incentivo ao esporte devem ater-se aos riscos e benefícios relativos de cada modalidade, a fim de decidir pelo investimento que melhor atenderá o indivíduo em função das necessidades relacionadas à sua respectiva fase do desenvolvimento motor. Essa preocupação vem motivando alguns autores a desenvolverem levantamentos com base em um grupo grande de participantes de diferentes tipos de atividades físicas, recreativas e desportivas, permitindo comparações satisfatórias a fim de estimar os riscos de lesões.

Segundo essa pesquisa, as lesões de joelho, ombro e tornozelo foram as mais freqüentes.

Os golpes mais frequentes que causaram lesões foram o Ippon seoi Nague, o Tai otoshi e o Uchi mata.

O Ippon seoi Nague apresentou relação com as lesões de ombro, todas decorrentes em Tori. O Tai otoshi apresentou relação com lesões de joelho, em sua maioria em situação de Uke.

A relação de ocorrência de lesões em treino é preocupante, principalmente devido à constatação de que grande parcela dos relatos ocorreu quando existiu a participação de um adversário mais pesado, situação comum durante os treinamentos.