Lesões mais comuns em competições de judô




Esse artigo tem como objetivo relatar as lesões mais comuns nas competições realizadas pela FJERJ, indicando a conduta médica no primeiro atendimento ao atleta lesionado. Em um primeiro momento, visamos à manutenção das funções vitais e,  posteriormente, uma orientação adequada para o tratamento definitivo da lesão e um maior conforto do paciente.

As escoriações são as lesões mais freqüentes, geralmente localizadas na face. Tratamos, então, com hemostasia (tamponamento) no momento da luta e, em seguida, com assepsia e curativo. As lesões corto-contusas por trauma direto (cabeçada, cotovelada etc.), localizadas comumente na face, são raras. Nesses casos, tratamos com hemostasia, assepsia, curativo e, se necessário, encaminhamento à clínica para realização de sutura.

As rupturas musculares, chamadas inadequadamente de distensão muscular, acometem normalmente grandes grupos musculares e nossa conduta é de aplicar gelo no local, receitar miorrelaxantes e analgésicos, além de manter o músculo lesado em repouso. A gravidade da lesão deve ser, assim, reavaliada posteriormente.

As entorses acometem normalmente as articulações dos dedos das mãos e tratamos com imobilização provisória, feita com esparadrapo e gelo local. As entorses de cotovelo, punho, joelho e tornozelo são tratadas com gelo local, analgésicos, anti inflamatório e imobilização provisória com tipóia. É importante orientar o paciente para uma avaliação radiológica da entorse, determinando o grau de lesão ligamentar e a existência ou não de fratura.

A luxação mais freqüente acontece na articulação acromio-clavicular, seguida de perto pelas articulações interfalangianas, escápulo-umeral e cotovelo. A conduta indicada é um exame rápido da articulação, podendo haver uma tentativa de redução da luxação, seguida de imobilização provisória, gelo local, anti inflamatórios, analgésicos e remoção imediata para estudo radiológico e prescrição de tratamento clínico ou cirúrgico definitivo.

Já as fraturas são lesões pouco freqüentes e ocorrem geralmente nos seguintes ossos: falanges, metatarso, metacarpo, tíbia, fíbula, rádio, ulna, clavícula e costelas. O tratamento se assemelha com a conduta para luxações. Vale lembrar que as manobras de redução de luxação e fratura podem ser feitas pelo médico da competição, porém não devemos insistir nessas manobras quando houver riscos de lesões de vasos e/ou nervos próximos ao local da lesão (ex.: cotovelo). Nesses casos, devolvemos o paciente para a clínica especializada para realização de raio-x diagnóstico, anestesia e redução da lesão.

As lesões mais graves necessitam de avaliação rápida e conduta adequada, visando à manutenção das funções vitais e imediata remoção para unidades de saúde. São lesões graves : traumatismo crânio-encefálico, trauma raqui-medular, ruptura de órgãos internos (pulmão, baço e rim), parada cárdio-respiratória, acidente vascular cerebral, hipoglicemia severa, hipopotassemia e arritmia cardíaca. As condutas devem ser as seguintes: oxigenoterapia, massagem cardíaca, respiração boca a boca, traqueostomia, imobilização firme, hidratação e reposição venosa (glicose, sódio e potássio), remoção adequada e imediata.

Apesar do número elevado de lesões, é importante esclarecer que a grande maioria dos atendimentos é para tratar de lesões sem gravidade. Em oito anos trabalhando em competições de judô, o caso mais grave foi a ruptura do baço (esplenectomia) de um atleta adolescente, operado no dia seguinte à lesão. O judoca, após quatro meses, voltou a treinar sem qualquer limitação física.

* Eduardo Fontel é diretor-médico da FJERJ



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