Esporte que rendeu o maior número de medalhas para o Brasil nas Olimpíadas, 19 no total, o judô brasileiro anunciou nesta quarta-feira seus 14 representantes para os Jogos do Rio. Apesar de ter cinco medalhistas olímpicos e três campeões mundiais na lista, a modalidade já esteve mais bem cotada para a disputa a partir do dia 6 de agosto, na Arena Carioca 2, no Parque Olímpico. O Comitê Olímpico do Brasil (COB) deposita boa parte das suas esperanças na CBJ para alcançar o top 10 no quadro de medalhas.
Se em Londres 2012 o país bateu recordes com o primeiro ouro olímpico de uma judoca (Sarah Menezes) e a maior quantidade de medalhas em uma única edição (quatro no total), dessa vez as metas são mais contidas, mas sempre melhorando no fator qualidade. O GloboEsporte.com preparou um raio-x de como a seleção brasileira chega para os Jogos do Rio.
- Conversando com os atletas, eles se sentem pressionados em número e qualidade de medalhas. Nossa meta é evoluir. Se ganhar ouro e prata, já fizemos melhor que Londres. Se, numericamente, passar de quatro para cinco, também faremos melhor. O potencial da equipe é grande tanto para melhorar a qualidade de medalhas quanto a quantidade. O Brasil é sede dos jogos, tem 14 vagas, mas nenhum atleta da seleção do Brasil deixou de estar dentro do ranking de classificação. Só Brasil, França e Japão alcançaram isso. Existem outros países subindo, mas nenhum deles alcançou isso - afirma Ney Wilson, gestor de alto rendimento da CBJ.
Felipe Kitadai
Categoria: Ligeiro (60kg)
Ranking: 14º lugar
Atual momento: Apesar de ter sido convocado para os Jogos do Rio, foi o único judoca da seleção a não ser o melhor brasileiro ranqueado em sua categoria. Eric Takabatake terminou a corrida olímpica com 21 pontos a mais que ele, na 13ª posição. A CBJ considerou que os resultados do seu ciclo olímpico foram melhores que os do rival. Em 2016, lutou 21 vezes, ganhou 13 e perdeu oito.
Mundiais: sem pódio
Olimpíadas: Bronze (Londres 2012)
Principais rivais: Won Jin Kim (COR), Boldbaatar Ganbat (MGL) e Orkhan Safarov (AZB).
Análise: Assim como em Londres, Kitadai pode surpreender no Rio. É inconstante, mas consegue vencer judocas top. Ainda tem o peso de ser medalhista olímpico frente aos adversários.
sarah menezes
Categoria: Ligeiro (48kg)
Ranking: 4º lugar
Atual momento: Subiu ao pódio cinco vezes só em 2016, mostrando que entrou na reta final do ciclo olímpico na briga para lutar pelo bicampeonato nos Jogos do Rio.
Mundiais: Bronze (Tóquio 2010, Paris 2011 e Rio 2013)
Olimpíadas: Ouro (Londres 2012)
Principais rivais: Ami Kondo (JPN), Laetitia Payet (FRA) e Charline Van Snick (BEL).
Análise: Depois do ouro em Londres, Sarah caiu muito de produtividade no início do ciclo olímpico. Teve problema de peso, viu Nathália Brígida ameaçar seu posto e ainda ficou fora do Pan de Toronto. Tudo isso fez bem a ela, que acordou a tempo e é a judoca da seleção que vive seu melhor momento.
charles chibana
Categoria: Meio-leve (66kg)
Ranking: 19º lugar
Atual momento: Venceu o Pan de Havana no fim de abril, mas acabou poupado e não disputou o World Masters de Guadalajara no último fim de semana.
Mundiais: sem medalha
Olimpíadas: estreia
Principais rivais: Baul An (COR), Tumurkhuleg Davaadorj (MGL), Mikhail Pulyaev (RUS) e Masashi Ebinuma (JPN).
Análise: Chibana já foi número 1 do mundo da categoria, mas hoje é apenas o 19º. Com ele é tudo ou nada - ippon na vitória ou na derrota. Entra nas lutas com toda a energia e busca finalizar, mas às vezes falta calma para administrar a vantagem. Pode ser uma boa surpresa nos Jogos do Rio, com chances de pódio.
Érika Miranda
Categoria: Meio-leve (52kg)
Ranking: 4º lugar
Atual momento: Atleta mais constante da seleção, chega ao Rio com grandes chances de pódio. Foi campeã do Pan de Havana este ano, e terminou em quinto o Grand Slam de Baku e o World Masters de Guadalajara.
Mundiais: Prata (Rio 2013) e bronze (Chelyabinsk 2014 e Astana 2015)
Olimpíadas: sem medalhas
Principais rivais: Majilinda Kelmendi (KOS), Andreea Chitu (ROM) e Misato Nakamura (JPN).
Análise: Favorita ao pódio em todos os torneios que entra, tem batido na trave nos mais importantes, como nos últimos Mundiais. Mesmo assim, se conseguir trabalhar o psicológico e não vacilar nos segundos finais, conquistará uma medalha no Rio.
alex pombo
Categoria: Leve (73kg)
Ranking: 27º lugar
Atual momento: Perdeu com poucos segundos na primeira luta do World Masters de Guadalajara. É o brasileiro convocado pela CBJ com o pior ranking entre os 14 nomes.
Mundiais: sem medalha
Olimpíadas: estreia
Principais rivais: Changrim An (COR), Rustam Orujov (AZE) e Nugzari Tatalashvili (GEO).
Análise: Único judoca do Brasil a não conquistar uma medalha nos Jogos Pan-Americanos de Toronto do ano passado, Alex Pombo tem poucas chances de medalha no Rio. Apesar de esforçado, perde muitas lutas de maneira infantil, sofrendo imobilizações ou contra-golpes. Sofreu com uma lesão em 2015, voltou aos tatames, mas não conseguiu resultados expressivos em 2016.
rafaela silva
Categoria: Leve (57kg)
Ranking: 14º lugar
Atual momento: Rafaela preocupa. Se já foi considerada medalha certa no Rio, agora é uma incógnita. Perdeu o Masters para a francesa Receveaux, que não estará nos Jogos.
Mundiais: Prata (Paris 2011) e ouro (Rio 2013)
Olimpíadas: sem medalha
Principais rivais: Marti Malloy (EUA), Sumiya Dorjsuren (MGL) e Aumntome Pavia (FRA).
Análise: É a grande interrogação do Brasil para os Jogos do Rio. Já foi número 1 da categoria e hoje é apenas a 14ª. Campeã mundial em 2013, venceu o GP de Tbilisi este ano, mas vem perdendo combates para atletas que não costumava perder, como a americana Marti Malloy, que a venceu nas duas últimas vezes que se encontraram.
victor penalber
Categoria: Meio-médio (81kg)
Ranking: 7º lugar
Atual momento: Victor cresceu muito nos últimos anos e assumiu definitivamente o posto que era dominado por Leandro Guilheiro, dono de duas medalhas olímpicas. O bronze no Mundial de Astana do ano passado o credenciou a um pódio nos Jogos do Rio.
Mundiais: Bronze (Astana 2015)
Olimpíadas: estreia
Principais rivais: Loic Pietri (FRA), Travis Stevens (EUA) e Avtandili Tchrikishvili (GEO)
Análise: Pode brigar de igual para igual com seus rivais por uma medalha nos Jogos do Rio. Luta em uma das categorias mais concorridas e difíceis do judô, mas vai lutar em casa, no Rio de Janeiro, com a ajuda da torcida carioca e dos familiares.
mariana silva
Categoria: Meio-médio (63kg)
Ranking: 16º lugar
Atual momento: Apesar de ter caído logo na segunda luta do Masters de Guadalajara, conseguiu alguns bons resultados em 2016, como o título do Pan de Havana e a prata no GP de Samsun.
Mundiais: sem medalhas
Olimpíadas: sem medalhas
Principais rivais: Tina Trstenjak (SLO), Clarisse Agbegnenou (FRA) e Yarden Gerbi (ISR).
Análise: A melhor atleta brasileira no peso-médio não tem concorrentes em sua cola no país. Porém, em escala mundial, Mariana ainda não briga por um pódio olímpico - a não ser que surpreenda muito nos Jogos do Rio (como aconteceu em 2012 com Felipe Kitadai). A 16ª posição no ranking ainda pode prejudicar no sorteio da chave.
tiago camilo
Categoria: Médio (90kg)
Ranking: 20º lugar
Atual momento: Aos 34 anos, não tem a mesma velocidade dos anos 2000, mas ainda pode dar muito trabalho. Em 2016, foi campeão do Pan de Havana e ficou com o bronze no GP de Samsun e no Open de Oberwart.
Mundiais: Ouro (Rio 2007)
Olimpíadas: Prata (Sydney 2000) e bronze (Pequim 2008)
Principais rivais: Ilias Iliadis (GRE), Kirill Denisov (RUS), Alexandre Iddir (FRA) e Donghan Gwak (COR).
Análise: Tiago aposta na experiência e tradição olímpica para beliscar um pódio no Rio. Mas sabe que a missão é difícil, em uma categoria que traz grandes nomes do judô como o grego Ilias Iliadis, tri mundial e campeão olímpico em Atenas 2004.
maria portela
Categoria: Médio (70kg)
Ranking: 14º lugar
Atual momento: Foi bem nos últimos três torneios que disputou. Terminou em sétimo no World Masters de Guadalajara, foi prata no Grand Slam de Baku e quinto lugar no Pan de Havana. Está num bom momento, com muita confiança.
Mundiais: sem medalhas
Olimpíadas: sem medalhas
Principais rivais: Kim Polling (HOL), Yuri Alvear (COL), Gevrise Emane (FRA) e Laura Vargas (ALE)
Análise: Raça é o sobrenome de Maria Portela. A gaúcha não vende fácil uma derrota, briga até o fim. Geralmente mais baixa que suas adversárias, ela tem dificuldades nas lutas, mas supera na força de vontade e na garra. Pode ser uma boa surpresa e esperança de um pódio no Rio.
Rafael Buzacarini
Categoria: Meio-pesado (100kg)
Ranking: 24º lugar
Atual momento: Cresceu no momento certo e lutou até o último instante para ficar à frente do campeão mundial de 2007 Luciano Corrêa na busca pela vaga olímpica. Chamou a atenção ao ser prata no Grand Slam de Paris de 2015. E em 2016 foi ao pódio no Open de Buenos Aires (bronze), no GP de Samsun (prata) e no GP de Almaty (prata).
Mundiais: sem participação
Olimpíadas: estreia
Principais rivais: Elmar Gasimov (AZE), Cyrille Maret (FRA) e Lukas Krpalek (CZE).
Análise: Aos 24 anos, chega para brigar por medalha na categoria, há anos dominada por Luciano. Tem força, técnica e boa estatura. Um pódio no Rio seria surpresa, mas não um absurdo.
mayra aguiar
Categoria: Meio-pesado (78kg)
Ranking: 4º lugar
Atual momento: Está sempre nas cabeças. Briga pelo ouro em todas as competições que entra. Mas precisa melhorar sua luta no chão se quiser vencer a americana Kayla Harrison nos Jogos do Rio.
Mundiais: Bronze (Paris 2011 e Rio 2013), prata (Tóquio 2010) e ouro (Chelyabinsk 2014)
Olimpíadas: Bronze (Londres 2012)
Principais rivais: Kayla Harrison (EUA), Audrey Tcheumeo (FRA) e Marhinde Verkerk (HOL)
Análise: Judoca brasileira com a maior chance de ser campeã olímpica no Rio de Janeiro, em agosto. Mayra é um fenômeno de força e explosão. A pedra no sapato da gaúcha é a americana Kayla Harrison. As duas travam uma briga particular, com nove vitórias para Kayla contra oito de Mayra. Em 2012, vitória da americana na semifinal. E agora?
rafael silva
Categoria: Pesado (+100kg)
Ranking: 9º lugar
Atual momento: Está longe da sua melhor forma. Voltou de uma cirurgia no ombro/peito e ainda não conseguiu mostrar o judô que lhe rendeu o bronze em Londres. Brigou até o último instante pela vaga olímpica com David Moura, que ficou apenas uma posição atrás dele no ranking.
Mundiais: Prata (Rio 2013) e bronze (Rússia 2014)
Olimpíadas: Bronze (Londres 2012)
Principais rivais: Teddy Riner (FRA), Ryu Schichinohe (JPN) e Iakiv Khammo (UCR)
Análise: Baby tem o respeito dos adversários. Isso conta muito em uma Olimpíada. Mas ele precisa voltar à velha forma para brigar de igual para igual. Força tem, mas falta agilidade e fôlego para fazer a diferença na categoria que tem Teddy Riner como virtual campeão no Rio.
maria suelen
Categoria: Pesado (+78kg)
Ranking: 12º lugar
Atual momento: Depois do trauma da lesão no joelho no Mundial de 2014, Suelen demorou, mas voltou a lutar em alto nível. Mostrou na reta final do ciclo olímpico que tem grandes chances de brigar por medalha no Rio.
Mundiais: Prata (Rio 2013 e Chelyabinsk 2014)
Olimpíadas: sem medalhas
Principais rivais: Idalys Ortiz (CUB), Song Yu (CHN) e Emilie Andeol (FRA)
Análise: Sem dúvida, uma das melhores pesados do mundo. Falta a ela uma medalha olímpica. Neste ano, derrotou com propriedade a chinesa, atual campeã do mundo, Song Yu na final do Grand Prix de Dusseldorf. Só precisa quebrar o bloqueio contra a cubana Idalys Ortiz. São 11 confrontos e 11 derrotas para a atual campeã olímpica e bicampeã mundial.
Nenhum comentário
Postar um comentário