Toda e qualquer prática desportiva junto à educação especial torna-se de vital importância aos portadores de deficiência visual. O judô tem-se destacado por suas características, pois ele não é somente uma técnica física para o corpo, mas também um princípio filosófico para o fortalecimento do espírito. Princípio esse que se aplicará em todas as fases da vida humana, em todos os desafios, combates e contratempos com que, porventura, se defrontará o deficiente visual nas suas atividades, quer sejam esportivas, sociais ou profissionais.
O judô adaptado teve inicio no Brasil na década de 80. A prática do judô acontecia muitas vezes dentro das academias onde às vezes apareciam alunos com deficiência visual e então caberia ao professor adaptar as aulas para que estes alunos participassem das atividades. No entanto não existiam muitas competições específicas para estes alunos.
Atualmente os atletas tem grande incentivo por parte do governo para que ocorra a participação dos mesmos em competições nacionais e internacionais. Uma vez que uma parcela das bolsas é destinada a atletas paralímpicos praticantes de judô, o judô é uma das modalidades organizadas e pela Confederação Brasileira de Esportes para Deficientes (CBDV).
As regras do judô são praticamente as mesmas do judô convencional, apenas com a alteração no inicio da luta, uma vez que no judô paralímpico o combate inicia quando ambos os atletas estiverem segurando no quimono do adversário. A luta também é interrompida quando os atletas perdem o contato. No judô os atletas são classificados em três divisões oftalmológicas, B1 (cego), B2 (percepção de vulto) e B3 (definição de imagem), no entanto as divisões participam juntas das competições.
Voltada para finalidades esportivas, Mosquera (2000) ressalta que é empregado uma classificação internacional que é respeitada em todas as competições que participam os deficientes visuais. Cabe ressaltar que todas as classificações serão baseadas em ambos os olhos, com a ajuda das melhores lentes corretivas.
Classificação
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Definição
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B1
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Percepção da luz em um dos olhos até percepção da luz, mas sem condições de reconhecer a forma da mão a qualquer distância ou em qualquer direção.
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B2
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Capaz de reconhecer a forma de uma mão até uma acuidade visual de 2/60 e/ou campo de visão inferior a 5 graus.
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B3
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Uma acuidade visual de menos de 2/60 até 6/60 e/ou um campo visual superior a 5 graus e inferior a 20 graus.
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De acordo com a International Blind Sport Federation (IBSA), os deficientes visuais necessitam menos adaptações que qualquer outra deficiência para participar do judô. Nenhum esporte se ajusta melhor que o judô para permitir que os cegos compitam nas mesmas condições contra atletas videntes. Das poucas adaptações da modalidade destaca-se que a luta é interrompida quando os competidores perdem contato e os judocas não são punidos quando saem da área de combate.
O judô proporciona uma vasta vivência motora a seus participantes, com a aprendizagem dos golpes e quedas os alunos desenvolvem a lateralidade, noção espaço temporal, bem como a melhoria no deslocamento dentro e fora do tatame. Por outro lado, o professor que irá ministras as aulas para deficientes visuais tem como necessidade a verbalização da aula. Um a vez que a demonstração das técnicas não pode ser utilizada como metodologia de ensino, cabe então ao professor descrever verbalmente como serão os golpes com riqueza de detalhes. Além do enriquecimento por parte dos alunos o professor ganha profissionalmente muito com esta prática.