Melhor árbitro de judô do mundo, brasileiro anseia por Londres-2012





Edson Minakawa, árbitro de judô (Foto: Daniel Zappe/Fotocom.net)

Neste fim de semana, no Grand Slam de Judô do Rio de Janeiro, enquanto os judocas competiam por pontos no ranking olímpico, outro brasileiro buscava no tatame uma vaga nos Jogos Olímpicos, mesmo sem quimono. Era o paulista Edson Minakawa, considerado o melhor árbitro do mundo em 2009 e "pole position" para representar o Brasil na arbitragem em Londres-2012. Assim como acontece com os judocas, os árbitros são avaliados a cada evento pela Federação Internacional de Judô desde 2009 e os melhores ao final do ciclo olímpico vão para os Jogos.

Após o Mundial de Roterdã de 2009, a FIJ lançou a classificação e colocou Minakawa no topo da lista, o que, segundo o próprio, causou certa "ciumeira" entre os árbitros europeus. Desde então, o ranking não é mais divulgado, mas os juízes seguem sob observação. No Mundial de Paris, em agosto, seis árbitros irão representar as Américas e, no ano que vem, os cinco melhores da zona pan-americana vão aos Jogos.

Apesar da constante observação por parte da FIJ, o sempre sereno Minakawa garante que não se preocupa com possíveis erros que possam prejudicar sua colocação na briga por participação na Olimpíada.

- Já passei algumas competições com essa paranoia, mas é que nem como acontece com o próprio lutador, que não pode ficar se preocupando em levar queda, senão se desconcentra. No fundo, (um erro) não vai mudar nada - explica.

Se for de fato convocado, Minakawa irá à sua primeira Olimpíada, aos 52 anos. Mesmo tão bem conceituado, o paulista ressalta a qualidade da arbitragem nacional e demonstra um pouco de ansiedade pelo convite.

- Se o Brasil tiver oportunidade, podem ir até dois árbitros. Vai sempre ter alguém se sobressaindo. Hoje em dia, há quase uma profissionalização dos árbitros no país, e tudo se deve ao valor que nossos dirigentes dão à arbitragem. O mais importante agora é esperar sair a publicação e levar passo a passo.

A 'Dinastia Minakawa'

Além de ser árbitro, Minakawa está construindo uma dinastia de judô em sua família. Seu pai, Hirosi, foi mestre de judô e professor da Hebraica, onde Edson leciona e treina novas gerações há 33 anos. Sua filha, Camila, está na seleção brasileira e competiu no Grand Slam do Rio, onde foi derrotada pela compatriota Mariana Silva em sua segunda luta, na categoria até 63kg.

O árbitro conseguiu ver apenas parte da primeira luta, contra a mexicana Karina Acosta, aproveitando que estava deixando o tatame numa troca de arbitragem. Minakawa estava atuando durante o combate com Mariana Silva, mas foi consolar a filha depois.

- É muito emocionante. Eu reparei que ela sofreu um arranhão durante a primeira luta e fui fazer um cafuné, os amigos depois brincaram comigo por causa disso - conta, aos risos.

Fora do dojô, entretanto, a relação tem seus momentos quentes, como acontece entre qualquer pai e filha. Porém, neste caso, esses momentos se devem mais às discussões sobre erros e acertos de árbitros.

- O atleta tem uma visão de atleta. O árbitro sempre é o malvado da história. Eu sempre mostro a ela o lado do árbitro, mas ela é atleta, sempre tem essa visão. Quando eu era judoca, também não gostava de alguns árbitros e achava que alguns deles me perseguiam, mas tem que ter uma postura correta - explica o árbitro.

Apesar disso, Minakawa garante que cobra também dos juízes quando atua como técnico, pela Hebraica e Mackenzie. Às vezes, porém, precisa colocá-los na linha, já que é tratado muitas vezes como ídolo pela nova geração.

- Existem momentos em que tenho que dizer, "Me veja como técnico, não como árbitro". Muitos deles são mais novos e vêm me perguntar como estão indo, que conselhos tenho para dar - diz Minakawa.




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