Atleta brasiliense descansa antes dos jogos de Pequim




Reconhecida por sua seriedade e concentração na hora da luta, a brasiliense Érika Miranda, 20 anos, está animada com seus dias de folga. Fora dos tatames, a sorridente e descontraída Erikinha, como é chamada, aproveita suas férias em casa, ao lado da mãe, Maria Lúcia de Souza e dos irmãos, Yuri e Carol Miranda. Primeira judoca brasileira a garantir uma vaga nos Jogos de Pequim, Érika está radicada em Minas Gerais há dois anos, onde mora e treina no Minas Clube, de Belo Horizonte.

De volta à capital do país, além de curtir o conforto do lar e o estrogonofe da mãe, a atleta irá trabalhar sua parte física ao lado de outros judocas candangos que também passam férias na cidade, como Luciano Corrêa e Ketleyn Quadros, integrantes da Seleção Brasileira de judô.

A número cinco do ranking mundial teve um ano cheio, mas bastante proveitoso. Ela conquistou a medalha de prata no Pan-Americano do Rio de Janeiro, foi campeã dos torneios da Áustria e de Belo Horizonte, ambas etapas da Copa do Mundo de Judô, e, recentemente, faturou a prata no Evento Teste das Olimpíadas, em Pequim. A principal recompensa pela sua dedicação veio em setembro, com a quinta colocação no Mundial de Judô, também no Rio.

Com o resultado, a candanga fez história e carimbou seu passaporte para os Jogos de Pequim. Érika, da categoria meio-leve (até 52kg), foi a primeira judoca brasileira a garantir vaga na Olimpíada. "Assim que eu consegui a vaga vieram me parabenizar. A princípio, a ficha não havia caído, mas quando me dei conta, fiquei muito feliz. Só que a primeira coisa que pensei foi que a partir daquele momento eu teria de trilhar um caminho de preparação ainda mais árduo", conta.

Cursando o terceiro período de Administração, a rotina da atleta é dividida entre a faculdade e os treinos, que duram cerca de três horas e meia, de segunda a sábado. Com presença garantida em Pequim , o principal objetivo de Érika é aprimorar sua técnica. "Nas lutas, sou muito agressiva, gosto de ir para cima. A minha condição física está muito boa, mas preciso ajustar e variar algumas técnicas", revela. Para isso, a judoca treina há dois anos com Floriano Almeida, ex-técnico da Seleção Brasileira Feminina de Judô. Além disso, ela estuda todos os golpes de suas adversárias, a maioria delas velhas conhecidas da brasiliense.

"Este ano levei na raça." A afirmação de Érika se refere às viagens desta temporada. Por causa de treinos e competições, a judoca teve de se deslocar a vários cantos do mundo, como exemplo, França, Áustria, Cuba, Japão e China. Em Brasília, de férias, desde a metade de dezembro e até o próximo dia 13, agora é tempo de "descansar a mente e o corpo".

Promessa de medalha
Depois de aproveitar os cuidados da mãe e a mordomia oferecida em casa, o ritmo tranqüilo dará lugar à correria diária. Na segunda quinzena do próximo mês, a atleta treinará em Portugal e, no início de fevereiro, participará de etapas da Copa do Mundo de Judô. A brasiliense lutará em Paris, no dia 2 de fevereiro, e logo em seguida estará nos tatames da Hungria.

A judoca espera, ainda, uma resposta da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) sobre sua participação nas etapas da Alemanha e da República Tcheca. Antes de embarcar, enfim, para Pequim, Érika voltará ao Distrito Federal. Ontem, a CBJ anunciou que a despedida da equipe olímpica — ainda indefinida, com a confirmação apenas de Érika e João Derly — ocorrerá em Brasília, em julho do ano que vem.

Apesar da data dos Jogos de Pequim ainda estar distante — do dia 8 até 28 de agosto de 2008 — a mãe de Érika já tem passagem comprada para o evento. Já sabe, inclusive, alguns itens básicos que levará na bagagem: apitos, terço, oração para todos os santos e muita disposição. "Vou torcer o tempo inteiro, deixar os chineses perdidos", brinca Lúcia.

Animada com a presença dos três filhos em casa — o caçula Yuri segue os passos da irmã Érika e também treina no Minas Clube — a policial civil mata as saudades dos pupilos. "Praticar judô em Brasília é muito caro. Não temos nenhum apoio. Lá em Minas é diferente, eles têm toda uma estrutura de treinos, moradia, e ajuda de custo para realizar viagens. Sinto falta, mas sei que é preciso estar lá. Quando estão em casa é maravilhoso. Aproveito mesmo. A energia da casa vira outra", explica a mãe coruja.

Admirada com a evolução de Érika no esporte, Lúcia aposta, ainda, em uma medalha olímpica. "Minha filha começou a praticar judô aos 12 anos. Três anos depois já fez resultados expressivos. E tenho certeza de que será a primeira medalhista olímpica", aposta.



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