Edinanci quer brilhar em sua última Olimpíada




 
Com os dedos da mão, Edinanci Silva faz as contas. "Atlanta em 1996, Sydney em 2000, Atenas em 2004. . Caramba, esta vai ser a minha quarta Olimpíada!" Aos 31 anos, a judoca garante que este é seu último ciclo olímpico. E mais: Pequim pode ser a última competição de sua vida. "Se ganhar a medalha de ouro, largo o judô satisfeita e volto para Campina Grande", promete, citando a cidade no interior da Paraíba onde começou a carreira, há 16 anos.

Edinanci é um dos nomes mais conhecidos do judô nacional e sempre esteve presente na lista de favoritos a trazer uma medalha olímpica para o Brasil. Mas o máximo que conseguiu foi o quinto lugar, em Atlanta. Não fosse por esse histórico, Edinanci não faria tanta questão de estar em Pequim. "Se tivesse ganho uma medalha, não continuaria insistindo. É a medalha que me motiva."

A própria atleta se cobra pelo pódio olímpico e se inclui na lista dos seis judocas brasileiros com chances de conquistar medalha - os outros são Luciano Corrêa, João Derly, Tiago Camilo, Mayra Aguiar e Érika Miranda. "Tenho de fazer minha propaganda."

O judô é a terceira modalidade que mais rendeu medalhas ao Brasil nos Jogos (12, atrás das 14 da vela e das 13 do atletismo), mas nenhuma delas no feminino. "Posso dizer que a chance de o judô brasileiro voltar sem medalhas é zero", promete Edinanci.

Para não cair no erro das olimpíadas anteriores, Edinanci traça uma meta menos ousada. "Em uma Olimpíada, cada luta é uma final, principalmente a primeira. Quero chegar bem às quartas-de-final. Já levei tanta marretada que acabei aprendendo a não me cobrar."

Por causa de uma inflamação em uma das costelas, ela não acompanhou o restante da equipe olímpica feminina que está treinando em Paris para os Jogos. Ela deve ficar em São Caetano até 22 de julho, quando embarcará junto com a delegação para a China.

Edinanci avisa que sua carreira profissional já está chegando perto do fim, mesmo que saia novamente sem medalha. A ida para os Jogos de Londres, em 2012, não faz parte dos seus planos. O Mundial do Canadá, em meados de 2009, será sua última competição

RIVAIS - Entre os principais obstáculos apontados por Edinanci no caminho até o pódio olímpico na categoria meio-pesado em Pequim estão as judocas chinesas, francesas e, claro, as japonesas. Cuba, uma das mais tradicionais escolas de judô, deixou de ser um adversário perigoso em Pequim, segundo a brasileira.

Desde que a bicampeã mundial e medalha de bronze em Atenas Yurisel Laborde fugiu da delegação nacional durante o Pan-Americano da modalidade em Miami, há dois meses, Cuba perdeu poder de fogo. Para Edinanci, Laborde fez certo em fugir. "Foi a melhor decisão que ela poderia tomar. Se fosse eu, faria o mesmo", opinou, sem medo de ser politicamente incorreta - ela era a única rival à altura de Laborde em todo continente americano.

"Laborde já tem medalha olímpica, dois títulos mundiais e a tendência seria estacionar lá em Cuba. Por mais que a política de lá esteja mudando, as coisas só vão melhorar daqui 20 anos."

FOCO - As passagens por Atlanta, Sydney e Atenas deixaram uma importante lição para Edinanci: evitar o clima de oba-oba que reina na Vila Olímpica. "Tem atleta que vai para lá apenas para colecionar kits: é material da Adidas, da Coca-Cola, da Nike", contou. "Quem não tem a cabeça boa, quem não tem objetivo algum na Olimpíada, se perde lá dentro. Mas isso não acontece com os atletas brasileiros", jura..


Comente:

Nenhum comentário