O dia 6 de fevereiro marca o início da última parte da seletiva que definirá os representantes brasileiros no judô dos Jogos Olímpicos de Pequim. Isso porque nesta quarta-feira embarca para a França a primeira leva de atletas que disputará uma série de torneios na Europa nos quais a comissão-técnica decidirá quem vai carimbar o passaporte para a China. E um dos que possuem a missão mais complicada é o meio-médio Flavio Canto.
Bronze nos Jogos Olímpicos de Atenas, Canto terá que superar ninguém menos do que Tiago Camilo, atual campeão mundial da modalidade, se quiser estar competindo em Pequim no mês de agosto. Para isso, porém, terá que obter resultados espetaculares na Supercopa do Mundo de Paris e na Copa do Mundo de Viena, e ao mesmo tempo torcer para o rival não ter êxitos na Supercopa de Hamburgo e na Copa de Praga. Vale lembrar que apenas os meio-leves João Derly e Érika Miranda estão classificados para as Olimpíadas.
"No caso do Flavio, vai ser dureza (ele conseguir a classificação olímpica), porque ele tem o Camilo pela frente. Além disto, no caso de resultados semelhantes, vai pesar o desempenho do ano anterior. E, em 2007 ele teve uma temporada ruim devido a problemas de lesão, enquanto o Tiago foi campeão mundial", lembrou Ney Wilson, coordenador-técnico das seleções brasileiras de judô.
Objetivo complicado para Canto? Sem dúvida. Missão impossível? Nem tanto, na opinião de Wilson. "Eu prefiro dizer que o Flavio Canto tem uma tarefa dura, mas ele é de uma superação muito grande. Ele é um atleta muito competitivo e não se deve subestimá-lo", lembrou.
Uma alternativa para o medalhista olímpico seria subir uma categoria, como fez Camilo com sucesso no Pan, mas esta hipótese já foi descartada. "A Confederação Brasileira chegou a sugerir isso no ano passado, mas como ele não teria vaga garantida nos médios (os atuais donos das vagas na seleção na categoria é o titular Eduardo Santos e o reserva Hugo Pessanha, que superaram Carlos Honorato), além de ser obrigado a aumentar de peso, preferiu encarar o Camilo", explicou.
Outros dois atletas que tentam recuperar o espaço conquistado na seleção: Hugo Pessanha, que sofreu uma séria lesão no ligamento cruzado do joelho esquerdo há pouco menos de um ano, e Vânia Ishii, que com a "ajuda" de uma lombalgia foi superada pela novata Danielli Yuri na disputa por uma vaga no Pan.
"Eu vejo o Hugo Pessanha bem preparado. Talvez ele sinta um pouco a volta, mas não tanto quanto o Canto, que está se reativando agora e esteve mal fisicamente no Mundial por Equipes da China (em novembro). A Vânia é outra que vem zerada e que passou bem pela seletiva, depois de perder a vaga na seleção", avaliou Ney Wilson. "De qualquer forma, os três estão confiantes, recuperados de lesões e zerados para começar um novo ano", lembra.
Surpresa? - Dentre os nomes da nova geração que podem surpreender e tirar a vaga olímpica de algum titular, Ney Wilson aposta no leve Victor Penalber. "Ele tem 17 anos e é muito bom, além de seu estilo de luta se encaixar bem no que se vê internacionalmente. Acho que o Victor pode surpreender, assim como houve com o Tiago Camilo, em 2000, e com o Leandro Guilheiro, em 2004", afirmou, se referindo a dois dos últimos medalhistas olímpicos do Brasil.
Apesar da aposta, o coordenador não coloca a mão no fogo por ninguém. "Eu vejo essa juventude muito motivada, mas ainda precisamos avaliar os resultados deles lutando contra os adultos. O Victor, por exemplo, só lutou na categoria júnior e ainda tem o próprio Leandrinho pela frente. Vai ser muito difícil ele ganhar a vaga, apesar das lesões sofridas pelo Guilheiro nos últimos meses", destacou
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