O fato de serem originalmente formados nos 90 kg não é considerado como vantagem para Hugo Pessanha e Carlos Honorato. Os judocas negaram o favoritismo diante de atletas que sobem de categoria, manobra que pode ser utilizada por Flávio Canto ou Tiago




A concorrência pela vaga olímpica no meio-médio (até 81 kg) promete desencadear a mais acirrada disputa do judô brasileiro. Mas, diante de um embate entre os medalhistas olímpicos Tiago Camilo e Flávio Canto, é outra categoria que pode sentir os reflexos da disputa interna.
Assim como ocorreu no Pan-Americano do Rio de Janeiro - Camilo subiu de categoria para disputar a competição continental e acabou levando o ouro -, um dos dois atletas pode se candidatar à vaga no médio (até 90 kg) e inchar a briga pela vaga olímpica que deve ter como protagonistas o titular da seleção Hugo Pessanha e Carlos Honorato.

"Não tem como descartar essa possibilidade. Mas eu estou bem tranqüilo em relação a isso. Meu pai diz que quem quer ser campeão, não pode ficar escolhendo adversário. Estou na minha, treinando para adversários que vão estar na seletiva. Mas se um dos dois subir vou estar pronto para disputar a vaga", afirmou Pessanha, que não disputou o Pan porque foi submetido a um cirurgia no joelho.

Dono da vaga na competição continental, Honorato entrou em acordo com a CBJ (Confederação Brasileira de Judô) e cedeu seu lugar a Camilo. Segundo o judoca de 33 anos, os resultados abaixo do esperado e a possibilidade de focar os treinamentos para o Mundial foram determinantes na hora de desistir do Pan.

Mesmo sendo favorável à manobra, Honorato diz que a situação não se repetirá caso ele se classifique e a confederação proponha acordo. "É uma coisa diferente. Você ficar fora de um sonho seu é difícil. Teoricamente essa seria minha última Olimpíada. Não vou parar de lutar judô, mas em torneios internacionais não irei mais", adiantou o atleta que conquistou a prata em Sydney-2000 e busca outra medalha olímpica.
O fato de serem originalmente formados nos 90 kg não é considerado como vantagem para Hugo Pessanha e Carlos Honorato. Os judocas negaram o favoritismo diante de atletas que sobem de categoria, manobra que pode ser utilizada por Flávio Canto ou Tiago Camilo em busca de uma vaga na Olimpíada.

"O judô não tem aquele atleta favorito. Se não estiver em um bom dia, cai", disse Honorato. O medalhista olímpico sabe bem disso. Depois de se preparar bastante, ele foi batido na primeira luta no Mundial deste ano.

"Os dois [Camilo e Canto] são medalhistas olímpicos. Se alguém leva vantagem são eles. E eu ainda fiquei seis meses parado", afirmou Pessanha, se referindo ao seu período de recuperação de uma cirurgia no joelho.
JUDOCAS NEGAM FAVORITISMO
OUTRAS NOTÍCIAS DE JUDÔ
Com os atuais resultados obtidos por Tiago Camilo, campeão mundial nos 81 kg e eleito o melhor judoca da competição depois de vencer seis das sete lutas por ippon, os judocas acreditam que o possível candidato à vaga olímpica nos 90 kg deve ser mesmo Flávio Canto.

E o aumento na concorrência não preocupa. "Acho até que pode melhorar, porque os atletas vão ter que se preparar mais para superar o Canto também. A categoria em si vai sair ganhando. Um adversário a mais para competir vai ajudar a categoria a chegar bem na Olimpíada, independente de quem ganhar a vaga", opinou Honorato, que não foi convocado para o Mundial por equipes, na China, e segue em treinamento para a seletiva olímpica marcada para o dia 24.

Diante dos melhores resultados do 'rival', Tiago Camilo aceitou subir de categoria no Pan, mas descarta abandonar seu peso de origem no momento. "Não vou mudar de categoria de jeito nenhum. Com o resultado do Mundial não tem nem por quê", afirmou.

Segundo o critério da CBJ, para se seguir direto aos Jogos Olímpicos era preciso ser campeão no Pan e chegar à final do Mundial. Requisitos preenchidos por Camilo, mas o judoca paulista conquistou o título continental nos 90 kg e, portanto, terá que brigar pela vaga.

"A CBJ adotou critério sem confronto direto, baseado em resultados. Acho válido, se tiver resultado muito igual, acho que o mais justo é ter decisão em confronto direto", finalizou o judoca. Procurado pelo UOL Esporte, via assessoria de imprensa, e-mails e contatos telefônicos, Flávio Canto não atendeu a reportagem.


Comente:

Nenhum comentário